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Mostrando postagens de maio, 2011

Da vida que ensina, de um coração que se renova.

Ela falava para si mesma com um entusiasmo de quem falava para multidões... olhava para o horizonte e articulava as idéias: "É, saber viver é assim, ficar atenta, estar sempre preparada para colher da vida as melhores sementes, bem como para podar as ervas daninhas que se disfarçam de flor, mesmo que sua beleza e perfume sigam encantando enquanto matam. É olhar para os lados, pra trás e pra frente, enxergar caminhos, replanejar... aprender a sonhar novos sonhos." Pode-se descobrir todo dia algo novo, basta que os olhos da alma nunca se fechem. Algumas dessas descobertas são ultra importantes, outras simples e corriqueiras, mas nenhuma definitiva. E essa era a máxima que ela havia aprendido nas suas três décadas de vida: nenhuma sentença é irrevogável! Nem as boas, nem as ruins...  Era no desapego que essa vida louca ensinava-lhe a acreditar, mas o seu coração, que estava quase sempre desprotegido das suas convicções mais arraigadas, ainda queria crer que não só de entalhes v

As letras que salvam, as palavras que gritam!

Era ela e o papel. Entre eles um espaço infinito onde flutuavam sonhos, medos, expectativas, amores, dores, esperança... e uma saudade violenta de tantas coisas, tanta gente... Por onde começar a grafar aquela brancura de ilimitadas possibilidades? Uma vez postas ali, as palavras se tornarão eternas, marcas de uma vida que não acabará quando o fôlego cessar. Em suas mãos o desejo gigantesco de deixar que transbordasse tudo aquilo que lhe era mais latente, não somente o que todos podiam ver, mas sobretudo as intenções que ninguém jamais ousou perceber. Ela não temia as palavras escritas, que por todos podiam ser lidas, a qualquer tempo e a qualquer hora. Ela temia mesmo era o seu coração valente, seu destempero, seu desassossego em falar do que sentia, do que pensava...a sua maneira de se expressar.  E aos poucos, entre articulações da consciência e do coração, idéias que corriam ao vento e lhe embaralhavam a cabeça foram sendo captadas e compulsivamente postas na limpa folha, que, ago

Das cores que cabem em mim...

Os dias são maus, isso é bíblico. Saber disso é também perceber que a grande graça da vida é exatamente granjear momentos de alegria na iniquidade dos dias. E é como um garimpeiro ávido por ouro que tenho buscado momentos felizes, para emudecer algumas vozes que gritam aqui dentro e dizem coisas que eu não quero mais ouvir. As adversidades são e sempre serão gratuitas, abundantes e eternamente tentarão cumprir o propósito de nos tirar o contentamento de simplesmente sermos, existirmos... bons momentos são custosos, suados e até arriscados. Por isso arrisco-me, alimento-me de sonhos, não dos ditos utópicos, mas daqueles que trazem esperança real à minha face e me ajudam a transformar em luz as tempestades mais intensas e obscuras. Dentro de mim devem haver vários sóis que se recusam a deixar por muito tempo fria a minha história. E como um artista inspirado matiza o seu mais belo quadro, esses raios tem colorido as telas negras que a vida às vezes me impõe. Essas cores e raios me ace

Devagar em sentir, rapidez em falar.

Não tenhas pressa em ir... eu sei que eu quis isso, esbravejei e decidi assim, mas agora me desespero ao ver que a cada dia tu segues em um caminho oposto ao meu. Estou vendo a distância se estabelecendo entre nós com urgência, e só consigo desejar que ela te roube de mim bem devagar, mesmo que essa dor lenta de te perder aos poucos seja severa em demasia. A tua imagem está perdendo a cor e as minhas mãos não conseguem mais te alcançar... da mesma forma sei que tu me perdes, porque também preciso seguir em frente.  Se as minhas palavras e as minhas atitudes não te tocam mais, o amor já viajou pra longe, bem adiante de nós... ou voltou para o passado, para o lugar dele, para que essa história possa ser contada e lembrada com a devida emoção e devoção. Mas não quero ser rápida em esquecer-te definitivamente, em deixar-te apenas no pretérito que se possa narrar. Há uma celeridade inexplicável na vida em dissolver o que lutamos para construir, remamos contra circunstâncias que não compree