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Mostrando postagens de dezembro, 2010

Entre cacos

É. Então é assim. Ontem você quebrou o caule das flores, hoje um copo, amanhã será um vaso vermelho. E você não conserta as coisas. Nunca. Passado um tempo, você empilha elas sobre a mesa e finge que estão como sempre estiveram. Como sempre deveriam estar. Na mesa (quebrada) as flores (partidas) apodrecem no vaso (trincado). E você sorri, me abraçando como se tudo estivesse bem. Como se ruínas fossem belezas ainda frescas. Não são. Eu vejo os vincos. Eu me corto nos cacos. Eu sei dos armários abarrotados de louça partida. Dos baús repletos de roupas rasgadas. Fiapos de cortina não cobrem o sol, meu amor. É. Então é bem assim. Um dia você vai perceber que a única coisa inteira na casa toda é o espelho. Mas, se o espelho está inteiro, minha querida, então somos nós que estamos partidos. V. Linné Poucas vezes postei aqui textos de outras pessoas, apesar de admirar vários escritores, conhecidos ou não. É que este não é mesmo o propósito do blog. Mas é realmente impressionante como

Ciranda viva. Viva ciranda!

Já vivi várias vidas na mesma. Já fui muitas pessoas pra me descobrir. Morri, renasci. Já quis fugir do que sou. Já quis voltar desesperadamente a mim. Cansei do futuro e quis voltar. Desejei o passado e quis sair de lá. No presente me perdi. Refiz caminhos e a vários desvios me conduzi. Toquei o inimaginável. E o que estava ao meu alcance a mim omiti. Quando acertei, fugi. Quando errei, persisti. Nesta ciranda confusa, já não sei pra onde ir.