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Mostrando postagens de novembro, 2009

Senhor Tempo

E as certezas se tornaram imensos vazios O que apertava o peito a ponto de sufocar converteu-se em emoção contida As coisas mais irrefutáveis transfiguram-se em absurdas Os dias entregues gratuitamente (e com paixão) começam a parecer caros A ansiedade louca e ligeira que consumia a alma, abranda-se em um retorno aos antigos hábitos O sentimento que submetia à insensatez, busca compreensão dos fatos A iminência de uma nova era dá lugar a um recomeço que resgata, vagarosamente, o tempo decorrido O que pareceu sem importância e tão facilmente descartável é o que agora se faz consolo O isolamento não faz mais sentido, a privação já gera pesar A imagem dos sonhos já não fala ao coração que, frio e sem propósito ardente, vive um dia de cada vez E serenamente a saudade outrora doída, vira história de amor a lembrar O que conduzia às lágrimas, hoje desvela um sorriso no canto da boca Apropriando-se da sensação de lição pra vida toda marcar! E o tempo continua a alterar convi

Dessas mulheres prá comer com dez talheres...

Estava cheia de idéias para escrever hoje, quando, lendo alguns blogs selecionadíssimos, encontrei este post da Solange Maia e...pára tudo, tenho que postar este texto, nada tão verdadeiro e tão poético para falar de nós, mulheres que não cabem em NENHUM PADRÃO: Dessas mulheres prá comer com dez talheres... Sou dessas mulheres sinuosas, de colo curvilíneo e sorriso enluarado. Em mim perdem-se e acham-se os sonhos. De medidas extremas. Tanto no outono quanto na primavera. Gosto de gostar. Gosto do prazer, sou tátil, feminina. Sim, admiro a beleza longilínea e vertical, mas herdei a horizontalidade esteatopígea. Não caibo em padrões. Respiro livre, sem a rigidez imposta por aí. Invisto meu tempo em outros prazeres : dedico-me a ser feliz. Porque para o amor há sempre uma pessoa de medidas certas. E, se meus seios cabem em suas mãos, então sou (só) para você. É por isso que, como cantou Ana Carolina, prefiro ser destas mulheres prá comer com dez talheres.

Oração

Que não extenue as fontes das quais tenho me alimentado, pois cada uma é atrativa, rica e com sabores surpreendentemente diferentes, de cada uma retiro a saciedade desejada. Que aquelas que já secaram não mais me interessem, porque aquilo que não me nutre, não gera nada além de fome!

Contenda

Olhei pela janela e me chamava a vida Aqui dentro o aconchego me abraçava com força maior O que me impulsionava a ir Nem de longe era a consistência de outrora O brilho do sol despertava sonhos Logo a noite encantou tudo que se podia ver Mas aqui dentro ainda tinha muita força Ignorando toda expectativa de viver Nesta peleja a mente voa e o corpo fica Como a flecha é lançada longe pelo arco inerte Porque se habituou a só fazer O que o coração insiste em ordenar

Ausente

Nas estradas que tenho andado, pouco vejo à minha frente, mas muito tenho observado os arredores, e é isso que tem me empurrado pra além do horizonte, apenas isso. É bem provável que esta não seja a melhor forma de percorrer caminhos, mas o que faço agora é caminhar sem enxergar muito além, talvez porque não queira ver ou talvez porque não consiga...as lições dos flancos tem me bastado. O certo é que ando sedenta, do que possuo e do que não tenho ainda, do que posso e do que não posso viver, do que conheço e do que desconheço, de sonhos, objetivos e de mim, ando com muita sede de mim! Não me reconheço vez ou outra e quase não encontro mais comigo, pois estou sempre a espera de algo, numa expectativa sem fim... Não sou pequena como o ato de andar sem direção, mas grandiosas tem sido as aprendizagens de viver como alguém que reconhece que não tem todas as respostas, que se perde no meio da estrada, que se angustia em caminhar sozinha e que faz do presente seu único tesouro. Para al

Voltas

A vida é um bem-servir de histórias Um ciclo a girar numa velocidade tão desatinada Que é capaz de te fazer rir Quando o momento pede para chorar Eu danço ritmado Com a vida aprendo a dançar Hoje estou do lado daqui Mas ontem mesmo estive do lado de lá... Sem pressa volto à posição que é minha Nem preciso programar E é didático poder perceber Quando transito de lugar em lugar.

Vão

Às vezes me encho de vazio...invento o que fazer, corro, penso, agonizo, escrevo, descanso, sonho...e nada preenche o abismo!  Psicologia barata, frases feitas, mensagens de auto-ajuda e discursos ensaiados não me convencem. Palpável mesmo é a conclusão que o ser humano, por natureza, é destituído daquilo que o torna inteiro, ainda assim, por algum tempo, pode experimentar a totalidade...até que se ache desabitado outra vez...

É exatamente isso

"Eu quero sempre estar onde meu coração estiver, pois este desencontro é a representação da angústia pra mim. Não fiz conclusões acerca de tudo que me faz feliz, mas hoje sei o que me faz infeliz, e tudo torna-se ainda pior quando não sei onde meu coração realmente quer ficar!"         (Kenia Araújo)

Dor

Sei falar de amor Sei falar da vida Sei falar de mim Sei falar de dor Com verdade e sem censura Delas surgem minhas conjecturas E reabro os caminhos do meu coração Para talvez mais dor sentir...

Insolúvel

Chegando ao fim daquela jornada deparei-me com a sempre hesitante bifurcação e tamanho foi o meu desencanto ao saber que a estrada já não era mais reta, de mão única, eu tinha mesmo que escolher por onde ir...sentei, pensei, deixei de pensar, fingi que não era comigo, me rebelei, mas daquilo não podia escapar. Estava à minha frente! E até ali havia sido uma caminhada tranquila, exceto pelas últimas passadas, mas na maior parte do percurso foi sim, prazerosa, instigante, enriquecedora, de calmaria e tensão, e havia o que é mais essencial, a convicção de onde se quer chegar. Então por quê havia chegado àquele ponto? Era mesmo necessário descobrir? Ou bastava saber que o caminho havia findado e eu deveria prosseguir em outra direção? A única certeza em tudo isso é que a coisa mais difícil de dissolver na mente e no coração é a admissão de erros cometidos, sejam que erros forem, os sutis, os conscientes, os omissos, os abnegados, os estúpidos, os imperdoáveis (por si mesmo), os planejad

Girando

Ora o mundo e suas mil possibilidades sorriem pra mim, e mesmo que muitos não sejam caminhos concretos, eles animam, fomentam ventura. Ora a vida parece mudar de cor, subitamente, então algo me torna diferente (e é interno, isso eu sei, movido por algo externo que às vezes nem sei o que é) e as forças se esvaem como que levadas pela correnteza de um grande rio. Qual ser humano não experimenta isso com frequência? O que nos torna distintos um dos outros é a forma como lidamos com isso, como deglutimos o sabor amargo do desânimo e levamos a vida até que tudo volte a brilhar de novo. Sim, porque é um ciclo de grandeza infinita e ainda bem que é assim.  Não estou dizendo com isso que sou sempre forte diante de tudo, embora tente com veemência. Às vezes me sinto pequenina, impotente, frágil, irada, revoltada, sem rumo. E o que eu faço? Não raramente espero quietinha, vez por outra triste ou chorando, que a roda enérgica e dinâmica da vida passe por mim e me faça florescer mais uma vez...