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Mostrando postagens de 2011

Por ora, juíza.

Hoje quero julgar-me... porque isso não cabe a mais ninguém na Terra que não a mim mesma. Afinal... quem saberá o que a minha mente pensou? E quantos desses pensamentos se tornaram reais?    Quem há de saber até onde sou amor ou quanto ódio já fui capaz de sentir? Quem poderá avaliar o real peso dos meus erros e triunfos?  Que sentimentos movem meus atos? Ninguém é capaz de previr. Quantas histórias abrigo em minha alma e de quantas já quis esquecer? Quantos acertos e quantas tolices... Ninguém sabe, ninguém crê. Vou julgar-me, mas sem a conhecida complacência que sempre me dediquei. Vou julgar-me, e já posso ver que haverá condenação. E o meu cárcere serei eu, somente eu conhecerei a minha pena, pois não há juiz maior que o coração que pulsa em mim.

Alvos versos de quem sempre emana cores!

Eu não sei fazer graça Também não sei fazer drama Mas sei olhar reto Sem desviar Eu não sei seguir caminhos Nem instruções Mas sei reconhecer E desejar Não sou feita de tristezas Nem só de alegrias E quando a saudade aperta Eu só consigo cantar As palavras que falo Não são jogadas ao vento Elas ganham eminência No simples ato de registrar Seja este ou aquele O meu sentimento Eu nunca me poupo De proclamar É que eu não sou daqui Nem de lugar nenhum E estou a procura De um lugar pra ficar!

A luz dos olhos que perdi...

Queria andar por aí e reencontrar teus olhos, aqueles olhos que ludibriaram minha percepção, mas que por um gostoso período me falavam de alguém que inspirava confiança. Em ti eu tinha aquela velha "quase certeza" que podia descansar o peso do mundo, o peso de mim mesma e debruçar sentimentos ensolarados de esperança, renovação... onde tudo velho poderia ser esquecido. Mas a mesma pessoa que se apresenta com uma ótica cintilante, se encarrega de despir-se do seu brilho inicial. O problema é que a minha disposição gratuita em crer no que as pessoas tem de mais caro, guarda de ti a melhor imagem, o olhar mais meigo, o gesto mais puro, as intenções mais lindas, mesmo que a parte corrompida do teu ser seja a mais evidente no momento... Pode deixar, eu separo suas porções que me encantaram, vou atar todas elas e juntá-las no meu melhor pedaço... pois a minha parte mais lúcida e fria continuará a ver-te com o olhar atento de decepção.

A doutrina dos meus opostos contingentes...

Eu não sei se já te disse, mas eu sei voar. E às vezes eu voo alto... Existe lá em cima um lugar onde eu repouso de mim... e me observo como que duvidando que existo. Nestas horas me vejo atrapalhada tentando administrar os dualismos que coabitam na menina que ainda sou. Certo e errado, razão e emoção, força e fragilidade, ser ou ter, cultivar a matéria ou o espírito, ser una ou múltipla, liberdade e responsabilidade, querer e poder, desejar e fazer... tudo flamejando ao mesmo tempo neste corpo e nesta mente que já não tem nenhum resguardo. Sigo caminhando neste confronto habitual. Poucas pessoas conseguem visualizar a si mesmas assim, de longe, desprendidas de tudo que são e acreditam. Eu saio de mim para melhorar meu esboço, esculpir com traços firmes e bem delineados a obra que sempre será inacabada. E quando volto, mais um dualismo me abate: o que deve seguir comigo e o que deverá apartar-se de mim!

És o meu tema mais contraditório.

Você é minha antítese, meu paradoxo. Ao mesmo tempo que é capaz de fundir-me, consegue quebrar toda a minha lógica. Eu te quero longe e o mais perto possível. Você está dentro de mim e às vezes tão por fora de tudo... Limitaste quem nunca teve limites, acorrentaste a alma mais livre. Como conseguiste ? Então busquei explicações para esta inversão de mim... e não adianta sofisticar palavras, elevar o nível linguístico ou construir frases elaboradas. Sem figuração ou metáforas, é disso que se trata: você é este conflito todo que habita em mim!!!

Nem tudo vale a pena...

Vida que segue, histórias que findam... para que outras comecem. Erros e caminhos que não podem ser refeitos. Lamentar já não serve, porque o que passou nos escapou e o que fica de concreto são somente as lições, marcadas a ferro e fogo, nada poderá tirá-las de nós... pessoas e situações se vão, mas as aprendizagens ficam... e que bom que é assim! Todos temos na vida momentos ou fases que desejaríamos não ter vivido, ou não mais lembrar, mas são exatamente estes que ficam se repetindo em nossas mentes a ponto de dizer-nos ao pé do ouvido: logo tu, tão seguro (a), esperto (a) e cheio (a) de si, viveste isto? É, a racionalidade nem sempre nos é companheira e por vezes abandona até o mais perspicaz dos mortais. Importante mesmo é que ela não se vá para sempre e que o amor próprio continue reinando absoluto sobre todas as paixões terrenas. Havia dentro de mim uma convicção imensa de que esse meu jeito de viver impulsivamente, respeitando todos os desejos e fazendo sempre o que o cor

Coroada de dor, ainda assim, rainha!

Não, não é da dor do amor que falo, mas deste desamor que passou a habitar em ti. Falo da dor corrosiva da perda, porque fui te perdendo aos poucos... para esta "nova" pessoa que hoje tu és, para este poderoso desconhecido chamado destino e, sem dúvidas, para mim mesma. Mas de todas as dores que senti e ainda sinto (muitas delas antes desconhecidas por esta que vos fala), a de não entender é a que mais comprime este coração e faz dele campo minado, um senhor prisioneiro.

Ilações sobre a mordacidade deste mundo e dos que nos cercam.

Eu divido o mundo em 3 tipos de pessoas: AS QUE ADMIRO, AS QUE CONSIDERO COMUNS E AS QUE TENHO PENA (e às vezes medo, ou nojo)! Tem um monte de gente por aí que me desperta apenas isso, dó.  Gente insegura, hipócrita, que não assume o que diz, o que faz, o que pensa, o que sente.  Gente que não se posiciona, não reage, nem ao bem, nem ao mal, que parece simplesmente não ter sangue nas veias. Gente fria, que não se comove nem se envolve, que não tem expressão real.  Gente que usa máscaras, várias delas... vivendo num mundo que criam diariamente, cuja ficção só convence a elas próprias, e muitos estão tão habituados a usá-las que já nem percebem que suas faces são feitas de moldes sobrepostos, colados com o tempo e as conveniências.  Gente que se diz superior por não responder a uma ofensa ou a uma calúnia contra si, quando na verdade lhe falta argumento, convicção de quem realmente é. Gente que deixa de se importar com as coisas lindas deste mundo para serem inquisidores do

Escarmentos que me mantém viva.

Queria encontrar concórdia entre o que sou e o que faço, entre a vida e as pessoas, entre o tempo e o movimento natural das coisas... ...mas cada dia me convenço de que, se a minha angústia for originária do anseio de fazer com que estas coisas se conjuguem, esta inquietação será eterna. Nenhuma pessoa pode compor sua vida em linhas retas, porque nem tudo está em nossas mãos, nem tudo temos o poder de sentenciar ou determinar... e são dessas coisas que nos fogem que temos medo, são elas que nos aprisionam, que podem nos conduzir pelo sentido oposto aos nossos desejos, contrariando essas vontades que são tantas, e desencontradas...intensas. Somos atropelados por esse apetite do que não se tem, não se pode... ou pior, pelo que até se possui ou poder-ia viver, mas nos falta o poder (e a coragem) de ir adiante. É por isso que tenho as minhas regras e verdades, e vivo delas. Por isso que só sei sonhar meus sonhos e consigo ser UNA nessas tantas mulheres que sou. Eu não sei contar o que

A música que canto de mim.

Eu sou uma música que não foi tocada, formada por acordes que, de harmônicos não tem nada. Dedilhada, sou todas as notas, sou a escala completa cheia de vibrações. Eu saio do tom, quase sempre, mas vou encontrando meios de me afinar com as melodias da vida. Sou grave e aguda, meu timbre é eloquente e o que me distingue dos outros é a minha dissonância nitidamente atrativa. Meu ritmo é pulsante, mas também pode te fazer sentir como se o mundo parasse para te observar, de tão doce, de tão leve... A letra dessa composição que sou é reflexiva, mas também se repete e se contradiz. É simples e complexa, é pura arte de um musicista excêntrico e cheio de ironia. Sou mais sustenidos que bemóis. Sou relativa e consonante. Sou uma partitura inacabada e a minha métrica é assimétrica e muito particular. Sou um arranjo cheio de estilo, sou samba, sou rock, sou salsa, tango, bossa nova e jazz...ah eu também sou carnaval. Sou popular e erudita. Minhas cifras não são tocadas em qualquer inst

Uma poesia para chamar de minha

Há muito mais nesses olhos felinos que a simples grandeza da alma Neles moram a meiguice mais calma e a luz constante da força Semblante abonecado de louça que adorna sua pele macia e tão alva Num misto que mata e que salva, como sereia trajada de linda moça! Olhares sobre ela são luzes merecidas no palco de sua vida Pois ela é diva bem sucedida no afã de ser alguém além do convencional É majestade em sedução e alto astral, é amazona de guerra destemida Que não sucumbe mesmo que combalida, que fascina da origem ao final! Dizer que algo de deusa nela fulgura é qual chover num solo inundado Que todo homem torna deslumbrado e faz até o mudo assumir-se poeta Posto que nela se projeta um espetáculo de fascínios encantados Que somam-se aos seus inumeráveis predicados e a tornam tão dileta! E se o poeta atrevido que ao mundo afirma quem seja Kenia for eu Então por razão de quem a conheceu, direi que falo com real autoridade Há musas pelos campos e cidade

Palidez insulsa.

Hoje senti algo que não lembro já ter sentido algum dia... estava eu insípida, sem aquela habitual ânsia de sentir, viver, entender, buscar, compartilhar... O tempo inteiro vivo como se o mundo estivesse esperando algo de mim e como se eu não devesse desperdiçar um segundo sequer de vida, ou como se eu não pudesse ficar sem fazer algo que produza vibração na minha alma... mas naquele instante não havia nenhum problema se tudo ou qualquer coisa estivesse me aguardando. Nenhuma pulsação me afastava daquela impressão vazia de completa indolência. Não queria nada, coisa alguma, nem esse nem aquele, nem isso nem aquilo. Queria uma nova chance, novas perspectivas, tudo diferente. Queria começar do zero... é, mas quem não queria? Não, não é apenas isso, vai além de qualquer ligeiro desejo de nulidade ou de que tudo perca o efeito... é algo que devasta ao mesmo tempo que paralisa, porque não é simplesmente impraticável, é impossível neste ou em qualquer outro mundo. Nada pode nos arran

Fazendo arte com a vida!

Cola neste espaço em branco A tua parte vazia Vamos tentar colorir Essa aparente harmonia Se já foi negro o teu mundo Hoje ele pode ser azul Pode ser verde ou vermelho Ou pode não ter tom algum A vida é papel alvinho Que se pode fazer aquarela Das cores mais lindas e fortes Mas há quem queira escurecê-la A minha existência é preciosa E o meu pincel ansioso Não há borracha que apague As manchas deste espaço valioso Não há problemas com as nódoas O importante é tentar E também jamais esquecer Que só é feliz quem ousar De tudo que eu puder pintar Sem medo arriscarei No fim meu desenho posso borrar Mas colorido sei que o farei. (Não sei fazer poesia, mas faço arte com a vida!)

Muy amada!

Não preciso ficar recriando a mim mesma, a minha imperfeição reflete poesia. Não é necessário nenhum retoque, as coisas aqui dentro fluem de verdade e com verdade. E a minha verdade é encantadora. Não me escondo entre regras e normas, há racionalidade e boa fé em todos os meus atos. Não sou dada a justificativas, adoro o sabor daquilo que não é possível entender. Nem sei se me conheço, mas gosto do que sei de mim. E nessa busca do que não sei, sigo espalhando mistérios. Ainda não me deparei com nada que ofusque o meu espírito, porque todos os eclipses ficam mesmo aqui dentro e o que deixo sobressair é apenas o que reluz. Não careço de nenhum outro corpo ou nenhuma outra face, somente eles poderiam representar a minha mente efervescente. A minha natureza é de uma insensatez harmoniosa, sou grande e ilimitada, mas posso ser simples e aconchegante. Não vou pedir desculpas por só conseguir me ver em grande escala, pois é exatamente assim que sou amada!!!!!

Eu te falo de mim e te conto coisas desse oriente meu...

Recrie-me. Pense em uma forma de reconfigurar meus limites, eles andam extensíssimos demais. Deve ser o peso das experiências, porque o receio que aprisiona as pessoas, a mim liberta. Engane a minha percepção, eu já nem ligo tanto se as coisas acabam me escapando. Percorra os caminhos sinuosos desse meu desejo, porque hoje as emoções genuínas são pra mim efémeras excentricidades. Refaça laços que se perderam, e não os afrouxe, pois eles estão sempre sejeitos a delinquir-se. Deixe espaços entre você e eu, e ao mesmo tempo não me deixe dissoluta nas minhas idéias soltas. Há perigo no que não conheço, e no fastio que vez por outra tenho de tudo que é normal demais. O que já sei também pode me encantar, mesmo que de maneira instantânea.  Prefira a mentira velada à verdade mordaz, mesmo que eu nem saiba bem o que se tornou real aqui dentro. Perdure nessa conquista airosa, sem ela os meus sentidos morrem. E vamos nos deliciar com o presente, já que ele é a única dádiva que de fat

Uma borboleta para além das outras.

Às vezes, como se pudesse assistir a mim mesma, observo meu modo de ver, agir e sentir diante das fases da vida que se postam à minha frente. Os cenários vão mudando e com eles percebo que vou redefinindo a minha postura, mas nada até aqui me convenceu de quebrar a rigidez das convicções que me acompanham ao longo da minha existência. Porque é fácil mudar de rotina, difícil é desconstruir idéias (e planos) que o tempo tratou de escrever na nossa mente. Pode ser simples deixar de TER, complicado mesmo é deixar de SER. E entre o que sou e possuo, tenho um apego hiperbólico pela mulher que me tornei. Quando insisto em metamorfosear-me, quase sempre posso colher em cores belas os frutos e as aprendizagens que algumas mudanças podem trazer. Tenho me transformado sem alterar o que se constitui como minha essência, talvez eu hoje seja um pouco menos complexa, mais tolerante ou sem tanta resistência ao que já me fez inacessível por muitas vezes... talvez tenha aprendido a ter mais cautela e

Da vida que ensina, de um coração que se renova.

Ela falava para si mesma com um entusiasmo de quem falava para multidões... olhava para o horizonte e articulava as idéias: "É, saber viver é assim, ficar atenta, estar sempre preparada para colher da vida as melhores sementes, bem como para podar as ervas daninhas que se disfarçam de flor, mesmo que sua beleza e perfume sigam encantando enquanto matam. É olhar para os lados, pra trás e pra frente, enxergar caminhos, replanejar... aprender a sonhar novos sonhos." Pode-se descobrir todo dia algo novo, basta que os olhos da alma nunca se fechem. Algumas dessas descobertas são ultra importantes, outras simples e corriqueiras, mas nenhuma definitiva. E essa era a máxima que ela havia aprendido nas suas três décadas de vida: nenhuma sentença é irrevogável! Nem as boas, nem as ruins...  Era no desapego que essa vida louca ensinava-lhe a acreditar, mas o seu coração, que estava quase sempre desprotegido das suas convicções mais arraigadas, ainda queria crer que não só de entalhes v

As letras que salvam, as palavras que gritam!

Era ela e o papel. Entre eles um espaço infinito onde flutuavam sonhos, medos, expectativas, amores, dores, esperança... e uma saudade violenta de tantas coisas, tanta gente... Por onde começar a grafar aquela brancura de ilimitadas possibilidades? Uma vez postas ali, as palavras se tornarão eternas, marcas de uma vida que não acabará quando o fôlego cessar. Em suas mãos o desejo gigantesco de deixar que transbordasse tudo aquilo que lhe era mais latente, não somente o que todos podiam ver, mas sobretudo as intenções que ninguém jamais ousou perceber. Ela não temia as palavras escritas, que por todos podiam ser lidas, a qualquer tempo e a qualquer hora. Ela temia mesmo era o seu coração valente, seu destempero, seu desassossego em falar do que sentia, do que pensava...a sua maneira de se expressar.  E aos poucos, entre articulações da consciência e do coração, idéias que corriam ao vento e lhe embaralhavam a cabeça foram sendo captadas e compulsivamente postas na limpa folha, que, ago

Das cores que cabem em mim...

Os dias são maus, isso é bíblico. Saber disso é também perceber que a grande graça da vida é exatamente granjear momentos de alegria na iniquidade dos dias. E é como um garimpeiro ávido por ouro que tenho buscado momentos felizes, para emudecer algumas vozes que gritam aqui dentro e dizem coisas que eu não quero mais ouvir. As adversidades são e sempre serão gratuitas, abundantes e eternamente tentarão cumprir o propósito de nos tirar o contentamento de simplesmente sermos, existirmos... bons momentos são custosos, suados e até arriscados. Por isso arrisco-me, alimento-me de sonhos, não dos ditos utópicos, mas daqueles que trazem esperança real à minha face e me ajudam a transformar em luz as tempestades mais intensas e obscuras. Dentro de mim devem haver vários sóis que se recusam a deixar por muito tempo fria a minha história. E como um artista inspirado matiza o seu mais belo quadro, esses raios tem colorido as telas negras que a vida às vezes me impõe. Essas cores e raios me ace

Devagar em sentir, rapidez em falar.

Não tenhas pressa em ir... eu sei que eu quis isso, esbravejei e decidi assim, mas agora me desespero ao ver que a cada dia tu segues em um caminho oposto ao meu. Estou vendo a distância se estabelecendo entre nós com urgência, e só consigo desejar que ela te roube de mim bem devagar, mesmo que essa dor lenta de te perder aos poucos seja severa em demasia. A tua imagem está perdendo a cor e as minhas mãos não conseguem mais te alcançar... da mesma forma sei que tu me perdes, porque também preciso seguir em frente.  Se as minhas palavras e as minhas atitudes não te tocam mais, o amor já viajou pra longe, bem adiante de nós... ou voltou para o passado, para o lugar dele, para que essa história possa ser contada e lembrada com a devida emoção e devoção. Mas não quero ser rápida em esquecer-te definitivamente, em deixar-te apenas no pretérito que se possa narrar. Há uma celeridade inexplicável na vida em dissolver o que lutamos para construir, remamos contra circunstâncias que não compree

Como eu queria...

Hoje queria me sentar num cantinho, sem nada que pudesse me distrair...pra eu poder olhar só pra dentro, e ir fundo, bem fundo. Assumir, admitir, reconhecer e aceitar tudo que ignoro ao meu respeito. Queria falar comigo como nunca falei. Queria chorar tudo isso que as vezes me engasga, o que eu sei, o que eu não sei...e ser frágil como eu nunca quis ser, porque querer ser forte sempre é a maior prova de covardia. Queria entender, explicar, descomplicar as coisas, porque "ficar bem" é simples, nós que insistimos nessa idéia perene de felicidade e saímos elaborando regras, caminhos, meios para tentar SER feliz pra sempre. Só que o "pra sempre" nunca chega e então desperdiçamos todo o resto... Queria que meu orgulho tivesse limites e que ilimitada mesmo fosse a minha capacidade de perdoar. Queria ver as coisas com menos clareza, menos certeza, aliás queria estar convicta de pouquíssimas coisas, certezas são irritantes e quase sempre atrapalham tudo. Queria não ter mar

Incoerência

Não há razões para amar você. Também não faz sentido não gostar mais de ti. Você não me faz falta, mas me pego em delírios de saudade. Tudo que mais quero é te esquecer e fico cultivando as nossas melhores lembranças. Não quero te ver novamente...e gostaria de nunca mais te perder de vista. Queria apagar o passado e em alguns dias queria transformá-lo em filme para ver e rever quando desse vontade. Não há futuro para nós e é com você que eu visualizo as melhores previsões. Você me mostrou o teu pior e ainda creio que há resquícios de virtude em teu coração. Eu fujo de ti em um abraço perfeito e é nele que eu te acho. E mais difícil que fugir de ti é escapar de mim mesma, desta incoerência que dia a dia me faz firme e frágil, leve e densa, doce e amarga, justa e injusta. Rindo e chorando, sigo certa de estar vivendo dias que valem a pena, enquanto temo estar regredindo em minha luta diária para ser melhor, verdadeira e feliz...

Para renascer é preciso morrer!

É exatamente assim, no começo parece que te falta o ar, que algo espreme teu peito sem cessar e derrama o sumo dessa compressão nos teus olhos, compulsivamente. Os primeiros dias passam e nada colore tua existência, só habita em ti a neblina das lembranças cinzentas, daquilo que ainda te fere...e estão em tudo que tu tentas fazer, repetindo-se como um velho vinil riscado, fazendo ondas gigantes em tua mente...das mentiras que te foram contadas, das verdades omitidas, das peças que se encaixam, da dissimulação ardil, das atitudes tão ínfimas quanto rasteiras e do presente se encontrando com as mesmas dores do passado. É a desconstrução do que tu acreditavas, ou achava que ainda cria. É o fim da tua luta, que por mais que parecesse perdida, havia dias em que alguns sinais diziam que a guerra valeria a pena. Mas não valeu! Lutar pelo quê agora ? E o mundo parece partir ao meio, mas tu não estais nem de um lado e nem do outro. Estais sem segurança, sem direção, neste abismo que se abriu

Por um minuto

Todos os amantes já adormeceram E todas as palavras já se calaram Já não vive o mundo em que se perderam Nem as madrugadas em que se amaram Quero sentir, quero ouvir Seus passos de volta à minha porta Pra dizer que me amava quando estava longe E deixar que o amanhã, juntos nos encontre E que passe a ser vida o que hoje é só sonho E que se acabe os segredos E que se aumente os desejos... Já não há razão pra não ser pra sempre Dessa vez há de ser, tem que ser diferente Não me deixe sozinha, nem mesmo um pouco Que esse pouco me deixa cada vez mais louca! E assim, enquanto eu te beijo Que mude o destino, por um minuto Que meu corpo encontre o seu corpo Num prazer absoluto E assim, enquanto eu te abraço Me aperte em seus braços, por um minuto De um jeito que só você sabe De um jeito que só eu sei... Já ouvi essa música centenas de vezes, mas hoje foi como se eu a estivesse escutado pela primeira vez... linda! Composição: A. Lorenzi / Santandrea (Versão: Cláudi

Nossa história

Vou guardar o teu beijo, não na memória, na boca mesmo, pra não correr o risco de esquecer ou de me escapar o gosto...aquele beijo do encaixe perfeito, da pele ouriçada, da entrega imediata. Vou guardar o perfume, não os tantos que em ti pude sentir, mas da tua pele, que já era extensão da minha. Vou guardar o olhar que sobejava desejo e me falava das coisas melhores que havia em ti. Vou guardar os momentos que mais pareciam sonhos, e os sonhos que te incluí. Vou guardar todas as boas histórias, as boas horas, a alegria que havia em simplesmente sabermos que nós éramos nós. Vou guardar as melhores danças, as nossas músicas, o prazer que sabias me dar. Vou guardar teu sorriso, teu jeito único de abraçar. Vou guardar as dores que senti, que causei, os erros e as tentativas de acertar. Vou guardar a saudade, que já me fez cativa e que insiste em maltratar. Vou guardar todas as emoções sempre extremadas desse amor e eternizar na minha alma a tua maneira de me exaltar. Então junt

Acreditar. Ser. Crescer.

Tenho me perguntado em que, de fato, eu tenho crido. Não falo de quem, ou seja, de pessoas, ou de um aspecto religioso e espiritual. É "em que" mesmo, ou quais coisas ainda me são caras e podem contar com a  minha fé. Vivemos construindo e desconstruindo conceitos, isso é ótimo e inevitável, já que tudo muda, tudo passa...mas algumas convicções arraigadas são desfeitas a base de muita dor. Dor, essa nossa companheira eterna, que devasta, desequilibra, mas ensina.  E nessas desconstruções tenho tentado transformar frustrações em lições, pois sempre tive horror a esta palavra e ao seu sentido. Frustrar-se é perfeitamente normal, SER frustrada tem um peso mórbido, é viver sem crer, é não ver além, é não se permitir, é deixar de sonhar, é deixar apagar aos poucos o seu brilho interior e refletir amargura e vazio.  Não darei lugar a essas características, elas jamais serão acrescidas à minha essência, sequer corromperão o que há de mais puro e precioso na minha alma. Tenho dentro

Alguém me disse...

Sei quem você é Sua transparência facilita esse trabalho E afirmo que adorei o que descobri Uma mulher linda em todas as suas esferas A competência em pessoa E não obstante... Um oceano de sensualidade!

Abundante vazio

Penso, escrevo, discuto. Vazio. Descubro, associo, relaxo. Vazio. Organizo, articulo, finalizo. Vazio. Faço, relembro, sofro. Vazio. Produzo, impressiono, descanso. Vazio. Espero, desejo, desarmo. Vazio. Creio, desconfio, confundo. Vazio. Recomeço, avalio, bagunço. Vazio. Provoco, curto, sinto. Vazio. Corro, grito, danço. Vazio. Rio, calo, canto. Vazio. Amo, odeio, choro. Vazio. Desisto, renasço, desfaço. Vazio. Entendo, disfarço, demonstro. Vazio. . . . É isso, tudo resume-se a um imenso vazio! As perguntas continuam sem respostas. Caminhos não levam a lugar nenhum. E nada parece ter sentido.

Das coisas que senti por lá...

Era quase tudo verde ao meu redor, a natureza na sua forma mais singela era só o que meus olhos alcançavam. Ora tinha de presente o assédio do sol, ora a chuva e seu doce som me faziam redesenhar meus pensamentos infantis. Aqueles risos inebriantes, aquela terra conhecida. Comida que  fartava, bebida que não bastava, o aconchego da família. Raízes, orgulho, fortes laços. Cheiros, paisagens, rostos, gostos, caminhos. Brisa que passeava onde tudo se fazia poesia. Mil histórias, as repetidas e as novas...gente que se foi mas nunca deixará de ser. Era de lá que eu sorria, e não eram sorrisos com sombras, nem com dúvidas. Era lá que estavam meu corpo e minha alma, juntos de verdade, não a alma daquela que faz perguntas sobre a vida e fica sem respostas, mas da menina que ainda carregava a leveza das coisas simples, dos entendimentos que satisfaziam... (Lá as velhas emoções extremas tiraram férias e vi que é possível descansar o coração...nem que seja por uns dias...)

Travessuras

Hoje cedo pintei o céu de laranja, não queria que tons acinzentados fizessem parte do meu dia. Às nuvens dei a cor verde e ao cair uma breve chuva fina, a minha roupa branca foi tingida com respingos de alegria. Ousei transformar girassóis em lindas flores lilás e com duas delas enfeitei o cabelo. O sol, que estava escondido e tímido, ganhou uma boca e um sorriso, e passou a brilhar com raios rosados. Pincelei de azul o chão e por onde eu passava pegadas desenhavam imagens que faziam lembrar um sonho bom. As árvores, cansadas de suas cores frias, agora eram pura vaidade coloridas de amarelo e bordô. A areia da praia não poderia ter outra tonalidade, foi de cereja que eu pintei! E ao observar o mar que eu não quis mudar de cor, guardei um punhadinho de areia numa caixinha só pra te mostrar como sou travessa quando não estais...

Avaliar para prosseguir...

Eu nasci questionadora, sempre tive sede de entender tudo à minha volta, o comportamento e a mente humana, as construções sociais ao longo do tempo, a história do mundo, etc. E a maior vítima da minha mente inquieta sou eu mesma, mas confesso, nunca questionei tanto a minha vida! Não, não é um questionamento contemplativo, que gera frases, textos, que divaga sobre tudo e apenas isso...o que tem me incomodado é algo substancial, concreto, porque está nas minhas atitudes, no sono que não vem, nas incertezas lancinantes que fazem pensar a todo momento se estou no lugar certo, fazendo a coisa certa... É um questionamento que dói, que passa do pensamento para o coração, que pulsa, que causa angústia, que paralisa (para talvez impulsionar). Alguém certa vez me disse que isso é amadurecer, crescer. E embora eu sempre tenha me visto como uma pessoa madura (falo isso sem pudores ou falsa modéstia), tenho concordado que tudo isso seja mesmo a ação do tempo e das experiências na minha vida, por